Díli, 16 jan (Lusa) - O chefe das Forças de Defesa de Timor-Leste,
general Lere Anan Timur, disse hoje que o ex-'gangster' indonésio
Hércules Rosário Marçal pode entrar no país, depois de na semana passada
o ter ameaçado de prisão.
"Ele tem sangue timorense, mas é indonésio, e qualquer timorense ou
estrangeiro, desde que cumpra as regras, pode vir a Timor-Leste", disse à
agência Lusa o general Lere Anan Timur.
Hércules Rosário Marçal é natural de Ainaro, sul de Díli, e fez
carreira em Jacarta, capital da Indonésia, como chefe de um grupo de
crime organizado.
No início deste mês, o antigo 'gangster', que agora é contratado na
Indonésia para organizar manifestações, deslocou-se a Timor-Leste, mas a
visita irritou o general Lere Anan Timur, que o ameaçou prender se
voltasse ao país.
Questionado pela Lusa sobre as razões que o levaram a mudar de
opinião, o general Lere Anan Timur explicou que ficou "desagradado" por
não ter recebido informações sobre a visita, mas insistiu que o
ex-'gangster' pode visitar Timor-Leste.
"Ele deve contribuir para o desenvolvimento de Timor-Leste", afirmou,
sublinhando, mais uma vez, que Hércules Rosário Marçal, apesar de ter
nacionalidade indonésia, tem sangue timorense.
As anteriores afirmações de Lere Anan Timur provocaram a indignação
de alguns deputados em Jacarta, que afirmaram que as pessoas só podem
ser detidas caso tenham cometido algum crime.
O indonésio Hércules Rosário Marçal, que tem dominado nos últimos
dias a imprensa em Timor-Leste, é um antigo gangster que operava em
Jacarta, capital da Indonésia, e que agora se dedica a organizar
manifestações naquela cidade.
Órfão de pai e mãe, que morreram durante bombardeamentos da Indonésia
a Timor-Leste em 1978, Hércules Rosário Marçal torno-se membro das
forças especiais indonésias que travaram combates contra a resistência
timorense à anexação do antigo território português.
Segundo a imprensa indonésia, entre os anos 80 e 90 ficou conhecido
em Jacarta por liderar um grupo de crime organizado, dedicado à cobrança
de dívidas e de "taxas de segurança" às casas de jogo ilegais.
Depois de se ter arrependido dos crimes praticados, o nome de
Hércules, como é conhecido em Jacarta, voltou a surgir como líder do
Movimento Novo Povo da Indonésia, que apoia Prabowo Subianto, um
aspirante à presidência da Indonésia, que comandou as forças especiais
indonésias em Timor-Leste.
MSE // HB
Lusa/Fim
,
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.