Zizi Pedruco
O Presidente da República, José Ramos-Horta, está mergulhado numa polémica que escancara uma verdade amarga: a desconexão entre a elite política e a população timorense. As suas recentes declarações sobre o tratamento médico de Longuinhos Monteiro, líder da secreta timorense, são, no mínimo, uma afronta à inteligência do povo.
Ramos-Horta afirmou que Longuinhos foi transportado para Jacarta num avião fretado gratuito e recebeu também tratamento médico totalmente gratuito, providenciado por amigos do Chefe de Estado na Indonésia, sem qualquer despesa para o Governo timorense.
“Longuinhos Monteiro… foram os meus amigos na Indonésia quem mandaram o avião para o transportar. Eu fui visitá-lo três vezes nos cuidados intensivos. Quando ele já estava estabilizado, um avião especial vindo da Indonésia veio de forma gratuita, e o hospital também foi gratuito. O governo não pagou um único centavo, mesmo que seja obrigação do governo pagar, porque, às vezes, as decisões demoram muito, e as pessoas ficam gravemente doentes, não apenas no caso de Longuinhos," disse Horta.
Avião especial gratuito? Tratamento médico gratuito? Amigos a pagar tudo? O Sr. Presidente, por favor, poupe-nos dessas fábulas. O povo timorense não é burro. Estas declarações, recheadas de hipocrisia, são insultuosas e levantam suspeitas legítimas de que o Presidente está a mentir descaradamente.
Mentiras e cobardia
Ramos-Horta garantiu que o aluguer do avião e os custos médicos foram suportados pelos amigos dele. Mas, sejamos francos: um avião especial e cuidados médicos de alto custo não são favores que amigos fazem, nem mesmo aos mais poderosos. São histórias mal contadas que cheiram a uma tentativa de encobrir o uso indevido de dinheiros públicos.
Se Ramos-Horta não tem nada a esconder, onde estão as provas? Mostre as faturas, os registos de despesas e diga lá os nomes dos tais "amigos generosos". Não apresentar estas provas é, no mínimo, um ato de cobardia, um sinal claro de que prefere esconder-se em narrativas incoerentes e maliciosas a enfrentar a verdade de frente.
E os outros timorenses, Ramos- Horta?
Enquanto isso, milhares de timorenses enfrentam outra realidade brutal. Hospitais públicos superlotados, falta de medicamentos e equipamentos básicos, vidas perdidas diariamente por ausência de cuidados que deveriam ser garantidos pelo Governo.
E agora? Se o Presidente consegue mobilizar recursos extraordinários para Longuinhos Monteiro, por que não o faz para os cidadãos comuns, para todos os timorenses, especialmente crianças? Por que não pede aos seus amigos aviões especiais para crianças que morrem de doenças evitáveis ou para famílias que lutam desesperadamente por tratamentos que são inacessíveis em Timor-Leste?
Porque não fez o mesmo pelo Coronel António Soares da Silva, conhecido como Maukalo? Ele MERECIA! Porque não pediu aviões especiais ou tratamentos gratuitos aos seus amigos para ajudar este grande homem, que tanto fez pela libertação de Timor das garras dos indonésios? Ele fez muito mais do que Longuinhos Monteiro, mas não mereceu a sua atenção nem o cuidado necessário para uma evacuação imediata e gratuita, que poderia ter salvado a sua vida.
Chega de hipocrisia, Ramos-Horta, chega! Ou estes tratamentos de luxo e estes aviões especiais estão reservados apenas para os seus amigos políticos?
O povo não é burro, Zé!
Esta situação revolta muito porque reflete a desconexão gritante entre a elite política e aqueles que a mesma deveria servir. O Presidente parece acreditar que pode contar histórias mirabolantes sem consequências, mas o povo timorense vê além da fachada, vê além da hipocrisia.
Não, Sr. Presidente, não tente convencer-nos de que fretar aviões e pagar tratamentos ao coração em hospitais de Jacarta são algo que "amigos" fazem de graça. Essa narrativa é um insulto à inteligência dos timorenses e uma vergonha para a sua liderança, que já é fraquinha, muito fraquinha.
Deixo-lhe aqui um desafio, Sr. Presidente
Ramos-Horta enfrenta agora uma encruzilhada: provar que diz a verdade e que não está a utilizar dinheiros dos cofres do Estado de forma descarada para privilegiar um amigalhaço e cúmplice nas sacanagens contra os timorenses, ou aceitar o peso de uma liderança manchada pela desconfiança e cobardia.
O povo exige e merece transparência. Não palavras, mas ações. Não histórias, mas provas. O Presidente terá coragem para enfrentar a verdade, ou persistirá como um cobarde escondido atrás de mentiras que já ninguém acredita?
Timor-Leste merece um líder que respeite a inteligência e a dignidade do seu povo. Se Ramos-Horta não consegue ser essa figura, então talvez seja hora de admitir que não está à altura do cargo que ocupa.
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