Zizi Pedruco
Nos últimos tempos a defesa dos legítimos direitos do povo timorense anda nas ruas da amargura, onde os políticos apenas olham para os seus próprios umbigos, a postura de Gregório Saldanha de defesa dos direitos do Povo Maubere, é um bálsamo no meu coração, ergueu a voz de um homem que soa como um farol para as gerações vindouras, para um país mais justo e digno para todos os filhos da pátria Maubere.
Gregório Saldanha, não é um novato no seu empenho na defesa dos direitos do Povo Maubere, Mouris como também é conhecido foi um dos organizadores e sobrevivente da manifestação pacífica que resultou no Massacre de Santa Cruz, foi detido e condenado à prisão perpétua por um tribunal indonésio.
Na sua caminhada de defesa intransigente do seu povo Mouris decidiu resignar-se porque: “Como cidadão, veterano e presidente da Autoridade Municipal, não posso aceitar as práticas violentas que continuam a ser dirigidas contra os cidadãos de Díli, sem antes serem criadas condições alternativas mínimas” e ainda porque considerou que, “aquelas ações como desumanas", comparando-as a “práticas cometidas por forças estrangeiras contra a população no passado”.
A decisão de Gregório de se demitir para defender os direitos do povo timorense foi a primeira na história da política de Timor-Leste demonstrando que é um homem de princípios, renunciou ao poder porque não quis ser cúmplice nem compactuar com quem contradiz os seus mais altos valores de justiça e humanidade.
Mouris é um exemplo de liderança em extinção em Timor-Leste, pôs os interesses do povo acima das suas ambições pessoais e políticas. Deve ser este o homem pela qual as novas gerações se devem reger, é um exemplo para Timor, um exemplo para o mundo.
Timor está cheio de gente da nova geração que só quer aparecer e armarem-se em intelectuais de meia-tigela. Tiram fotos para o Facebook, criam organizações, fazem pose para as câmaras e escrevem umas banalidades para se sentirem importantes. Mas, coitados, não valem nadinha. Muitos já estiveram no poder, foram ministros, secretários de Estados e não fizeram nada. Agora, sem poder e sem padrinhos, querem que acreditemos que são a esperança do país. Por favor, poupem-nos dessas histórias da carochinha!
Por isso referi anteriormente que Mouris é um bálsamo para o meu coração. Gregório, ao erguer a sua voz em defesa do povo, mostrou-nos que não ficou indiferente ao sofrimento do seu povo nem se rendeu às ações criminosas do governo. Ele colocou a integridade acima da conveniência e escolheu a solidariedade em vez da indiferença.
A sua postura deveria inspirar não apenas a geração mais jovem, mas também os líderes timorenses, incentivando-os a refletir sobre as suas políticas e o papel que desempenham na construção de uma pátria Maubere mais justa e mais digna para todos.
Gregório Saldanha é desde ontem mais do que apenas um nome em Timor-Leste, é o grito de justiça que ecoa no coração do sofrido Povo Maubere.
Foto, Facebook.
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