O mundo reuniu-se em Abu Dhabi para celebrar a Fraternidade Humana, esse conceito nobre e inspirador que promete unir os povos, curar feridas históricas e garantir um futuro de paz e prosperidade.
No centro das atenções, o Presidente Ramos-Horta discursa com a eloquência de um verdadeiro estadista global. Fala de tolerância, harmonia, da necessidade de construir pontes, no sentido metafórico, claro.
Enquanto as palavras inspiradoras ecoam pelas luxuosas salas de conferências, os estudantes de Turiscai vivem a fraternidade de uma forma um pouco mais... prática. Sem uma ponte que os leve até à escola, professores e alunos decidiram inovar, viraram engenheiros civis e construíram a sua própria passagem com tábuas e bambú. Um verdadeiro exemplo de solidariedade e resiliência!
Ramos-Horta menciona com orgulho que Timor-Leste já integra a Declaração da Fraternidade Humana no currículo escolar, tal como universidades prestigiadas como Georgetown e Al-Azhar. Mas enquanto os estudantes dessas instituições debatem valores de coexistência pacífica em salas climatizadas, os de Turiscai debatem um tema ligeiramente diferente, será que a tábua aguenta mais um aluno ou alguém vai acabar no rio e morrer?
O Presidente lembra ainda que Timor-Leste foi reconhecido como o país mais democrático da Ásia e que a sua liberdade de imprensa é um exemplo para o mundo. No entanto, os estudantes que, dia sim, dia não, arriscam um banho forçado e até perder a vida ao atravessar a ponte improvisada não aparecem nos relatórios da ONU, da Freedom House ou do Economist, porque, ao que parece, a democracia não exige infraestruturas básicas.
No palco internacional, fala-se da ASEAN, integração económica e da nossa ascensão como uma nação progressista e humanitária. Mas talvez, antes de assumirmos o papel de salvadores do mundo, pudéssemos começar por garantir que as crianças conseguem, pelo menos, chegar à escola sem precisarem de um curso de sobrevivência.
Ramos-Horta agradece ao Xeque Mohamed bin Zayed pela sua inspiração e compromisso com a fraternidade. Os estudantes de Turiscai agradecem ao colega que segura a tábua para não irem parar à correnteza. Afinal, fraternidade é fraternidade, seja num palácio em Abu Dhabi ou numa ponte improvisada num rio timorense.
José Ramos-Horta no seu discurso criticou o Conselho de Segurança da ONU como "paralisado, obsoleto e não representativo do mundo atual".
Ironizando, poderíamos dizer que o Conselho de Segurança está a seguir o exemplo do governo timorense, ambos parecem estar congelados no tempo, alheios às mudanças e necessidades do mundo moderno.
E assim se "constrói" um país, com Ramos-Horta e Xanana Gusmão ao leme da nação.
Nota do blogue: Podem ler o discurso completo do farsante na página dele da Presidência da República.
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