sexta-feira, 18 de março de 2016

Vicente Guterres em risco de ser demitido e expulso do CNRT

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Timor Hau Nian Doben - 18 de março de 2016

O Congresso Nacional de Resistência Timorense (CNRT) "perdeu a confiança" no presidente do Parlamento Nacional, Vicente Guterres, e vai apresentar uma moção de censura contra Guterres para o "obrigar a demitir-se bem como expulsa-lo do partido", noticiou hoje o Jornal Nacional Diário.

Segundo o citado matutino, os dirigentes do CNRT afirmaram que o presidente do hemiciclo "fez muitas coisas erradas" e apontam como a causa principal para a apresentação da moção de censura "a falta de vontade de Guterres em seguir a política do CNRT no Parlamento especialmente em questões de interesse nacional".

O vice-presidente do hemiciclo, Adérito da Costa Hugo, afirmou que “neste momento o partido está a fazer avaliações a todos os seus quadros e que é um assunto interno e não para consumo público”.

De acordo com o jurista e antigo deputado ao Parlamento Nacional, Manuel Tilman, este afirmou há uns dias que o eventual afastamento de Vicente Guterres como líder do hemiciclo e também do partido de Xanana Gusmão se deve ao facto de este se ter encontrado “às escondidas” com o Presidente da República, Taur Matan Ruak, para discutirem a polémica da exoneração do general Lere Anan Timur.

Vicente Guterres é arguido num caso de alegada corrupção contra o Estado timorense, todavia, uma fonte credível e conhecedora a fundo deste processo judicial afirmou ao Timor Hau Nian Doben que o processo contra o presidente do Parlamento “é uma vingança de Ana Pessoa” porque os atos de Guterres não causaram nenhum prejuízo para o Estado, bem pelo contrário, pouparam ao governo muitos milhares de dólares.

"Eu não consigo entender como é que um caso destes chega a tribunal. Aquilo nada tem de corrupção. O caso tem a ver com a compra de viaturas para o Parlamento, os 65 Mitsubishi Pajero. No início o negócio estava a ser feito com a Toyota, e o negócio estava praticamente feito quando decidem mudar para outro fornecedor, e acabaram por escolher os Pajero. A forma, o processo em termos de aprovisionamento, foi violado, mas mesmo assim, foi encontrado nada de corrupto. Ou seja, não houve nem prejuízo para o Estado, nem benefício ilegítimo para terceiros. Aliás, o Estado acabou por poupar dinheiro, comprar melhor e mais carros, pois na diferença de preço, que chegava perto dos $20,000 USA, deu para comprar mais viaturas", disse.

"O caso foi para o Ministério Público, tendo o procurador Adérito Tilman arquivado o caso. Depois a Ana Pessoa deu instruções ao procurador cabo-verdiano, Felismino Cardoso, para que avançasse com a acusação. O que fez e deu nisto. Acho que a Ana Pessoa tem alguma questão pessoal com o Vicente, tal como tinha contra o Adérito Soares de quem dizia cobras e lagartos. Esta acusação é uma vingança pessoal da Ana Pessoa. Ela fez o mesmo com o José Luís Guterres, o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros. Com o Adérito e com o José Luís Guterres, o problema da Ana Pessoa era porque ambos são da Frente Mudança, rival do partido dela, a Fretilin", explicou a referida fonte ao Timor Hau Nian Doben em agosto do ano passado.

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