quarta-feira, 18 de novembro de 2015

Timorenses têm estado a "aprender fazendo" - PR Taur Matan Ruak

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Díli, 18 nov (Lusa) - Os timorenses estão a "aprender fazendo" e em apenas 13 anos de vida como país independente já conseguiram "fazer muito" em várias áreas, procurando ultrapassar "da melhor forma possível" as crises que vão surgindo, disse o Presidente da República.

"Fizemos muito mais em pouco tempo do que muitos países em muitos anos. Eu estou muito satisfeito com a evolução do processo, a construção do nosso país e da nossa nação", afirmou Taur Matan Ruak em entrevista à Lusa.

"Claro que os desafios vão continuar a aparecer. Mas para nós a nossa determinação é enfrentar os desafios ultrapassando-os, solucionando-os. Nascemos exatamente para enfrentar os desafios", afirmou.

Todo o processo desde a proclamação da independência há 40 anos, insiste o chefe de Estado - os movimentos para radicalizar a luta e depois para a despartidarizar, procurando a unidade - aplicaram o princípio do "aprender fazendo", ir "aprendendo a fazer política" o que, por vezes causa "problemas sérios".

O início, considera, foi uma fase de "inexperiência" com "muitos erros cometidos" mas pouco a pouco os líderes foram "ganhando experiência, maturidade", adaptando-se ao desenvolvimento do processo, passando para a social-democracia e o multipartidarismo.

Da mesma forma que as forças armadas passaram três fases - guerra convencional, guerrilha e guerrilha urbana - também em política os timorenses "passaram de partido único a multipartidarismo" e hoje governam quase em unidade nacional.

"Falei com amigos que me perguntam: como é democracia sem oposição? A democracia não é um fim para Timor, é um meio. Entre democracia clássica e outra que é reforçar a coesão social e política, optámos por esta última, reforçar a coesão política", explica.

E porque "nunca se resolve uma crise" - "a nossa relação com Portugal, não resolvemos, ultrapassámos, com a Indonésia não resolvemos, ultrapassámos" - Timor-Leste tem vindo, desde a restauração da independência, a ultrapassar as suas crises.

Processos complicados com os quais não "se deve perder muito tempo" mas de onde se devem "extrair lições para não cometer os mesmos erros".

Questionado sobre se já se assumiram responsabilidades pelos erros, Taur Matan Ruak diz que sim, ainda que algumas pessoas não estejam satisfeitas com isso, pelo que esse processo vai continuar.

"A melhor forma de se arrepender é consolidar a nossa unidade, a unidade na diversidade de opções. Acho que Timor está no bom caminho. Isso não significa que não vai haver divergências, vai continuar a haver. Se com o meu pai também divergia quanto mais com os outros, não é? É natural que isso aconteça", afirmou.

Sobre o passado, e considerando "normal" que alguns timorenses tenham optado por colaborar com os regimes colonialista ou ocupante, Taur Matan Ruak recorda que os seus próprios pais e irmãos "são defensores da integração de Timor na Indonésia.

"E eu fui diferente. Cada um escolhe o que é melhor, a forma melhor de contribuir. E os meus pais escolheram a integração como melhor forma de contribuir para o desenvolvimento de Timor. Nós escolhemos a independência", disse.

"Eu sou o único católico (numa família protestante). A nossa família é assim. Respeitamo-nos mutuamente. Isso é um dos princípios básicos da democracia, não ter que ser igual aos outros", afirmou.

Mesmo no momento mais difícil dos últimos anos, os confrontos de 2006, Taur Matan Ruak afirma que tudo poderia ter sido pior e que essas convulsões e diferenças fazem parte da construção do Estado.

Instado a avaliar a situação desde aí e especialmente o novo Governo de coligação, Taur Matan Ruak considera que "tem corrido bem" e que os governantes "têm feito o possível para prestar um bom serviço aos cidadãos".

"A perfeição não existe. Busca-se ao longo dos tempos. 13 anos é pouco para um país. Visito muito o país, zonas rurais, converso muito com a população que diz: o Governo isto, o Governo aquilo", afirmou.

"Falar é fácil. Um país com 13 anos, mesmo assim fizemos muito. Levar a eletricidade a 80% da população, em seis anos: só em Timor. Reconhecemos que há muito para fazer e estamos determinados em continuar esse processo. É um processo sem retorno, sem retorno. As gerações mudam, trocam-se, governos trocam-se, presidentes trocam-se e o país vai avançando na mesma em busca da prosperidade", considerou.

"Estou muito satisfeito. Já visitei quase 350 sucos (aldeias). É incrível o que vejo. O governo tem feito um enorme esforço. Claro que normalmente a população quer mais. Querer mais é fácil. Mas conseguir vai levar algum tempo", sublinhou.

ASP // EL

Lusa/Fim
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