terça-feira, 19 de março de 2013

Guiné-Bissau, Angola e Timor-Leste são países lusófonos com maior riscos políticos -- consultadoria

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Lisboa, 19 mar (Lusa) -- A Guiné-Bissau é o país lusófono com maior risco político, seguido de Angola e Timor-Leste, indica uma classificação divulgada hoje pela gestora de risco e corretora de seguros Aon.

No ranking da Aon para mercados emergentes, desenvolvido em parceria com a Roubini Global Economics - do economista Nouriel Roubini, a quem é atribuída a previsão da crise financeira de 2008 -, a Guiné-Bissau surge entre os países de risco político "muito elevado", a par da República Democrática do Congo ou Somália, devido ao golpe militar de 2012, com "prováveis focos de combate periódicos", e a ter 80 por cento da população abaixo da linha de pobreza.

"A doença económica mais vasta é agravada pela redução de ajuda multilateral, devido a alegações de que o país está envolvido no tráfico de droga para a Europa, deixando o governo incapaz de responder a choques", refere a Aon, alertando para o "ambiente de negócios incerto" e "ausência de Estado de Direito".

Com um risco político considerado "médio-elevado", Angola "tem como particular fonte de incerteza os assuntos relacionados com a sucessão presidencial".

Para a Aon, as receitas orçamentais angolanas continuam vulneráveis a oscilações do preço do petróleo, o que limita a capacidade do governo para responder a choques, e a economia não-petrolífera "continua marginal", penalizada por "infraestruturas pobres", "melhoradas apenas em parte pelos fortes investimentos chineses", e riscos legais e regulatórios elevados", indica o relatório de avaliação de risco.

"A elite política do regime de (José Eduardo) dos Santos exerce um alto nível de controlo económico e a falta de mão-de-obra qualificada, corrupção, nepotismo e burocracia torna o ambiente de negócios desafiante, com o acesso a capital ainda limitado e caro", adianta.

A pesar na posição angolana está ainda a "fraca" coesão social, devido a "divisões étnicas e tribais", e negligencia do interior do país, com a riqueza concentrada em Luanda.

Na mesma categoria surge Timor-Leste, onde as instituições são agora "muito mais fortes" do que durante a crise de 2005, embora ainda "fracas em áreas críticas, como a supervisão regulatória e legal" e sendo possível o "deflagrar de violência".

A proposta de adesão de Timor-Leste à ASEAN é um passo "importante" para a economia, países vizinhos estão a acelerar investimentos no país e o governo tem sido eficaz na gestão da receita petrolífera, o que confere financiamento para "projetos de infraestruturas críticos".

Também São Tomé e Príncipe é considerado de risco "médio-elevado", além de ter um ambiente económico "estagnado", que reflete a "fraca eficácia do governo e elevados riscos regulatórios", dificuldades para os agentes económicos e "corrupção generalizada".

Moçambique é considerado um país de "risco moderado", embora "as dúvidas sobre a sucessão sejam uma fonte de incerteza".

A nível económico, as infraestruturas são "inadequadas", falta mão-de-obra qualificada e há uma "elevada dependência" de financiamento externo.

Cabo Verde é considerado país de "risco médio", com "governação forte e estabilidade política", mas com vulnerabilidades ao nível da dependência das receitas do turismo e previsões económicas "frágeis", incapazes de reduzir o elevado desemprego e assim "minando a coesão social".

O Brasil surge na categoria de risco "médio-baixo", apesar do seu "elevado grau de desigualdade", afirma a Aon.

A política intervencionista do governo brasileiro contribuiu para um "desempenho económico pobre" no ano passado, mas o apoio ao governo continua elevado e o crescimento potencial e demográfico criam uma tendência positiva.

PDF // JMR

Lusa/Fim
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