ARMADILHA DA POBREZA AUMENTA NÍVEIS DE DESNUTRIÇÃO

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Quem salva estes meninos?

Ucanews.com - Thomas Ora, Díli - 17 de outubro de 2012 - Tradução de TIMOR HAU NIAN DOBEN 

Os níveis de desnutrição em Timor-Leste causam alarme 

Verónica Pereira com 32 anos de idade, mãe de cinco crianças, ela sabe que os seus filhos - especialmente os menores de cinco anos - precisam de alimentos nutritivos todos os dias, para a saúde e para o crescimento deles. 

Todavia, a atual situação económica significa que ela e o seu marido têm de fazer um grande esforço para providenciar para eles: é uma luta que está a tornar-se cada vez mais difícil no país que é um dos mais pobres do mundo. 

"Nós moramos perto da praia. Os meus filhos e eu só podemos contar com os peixes que o meu marido pesca todos os dias. Com esta pesca nós podemos comprar arroz e legumes ", diz ela. 

Pereira casou-se com Leonardo Barbosa em 2004. Três dos seus filhos têm menos de cinco anos. Ela muitas vezes leva dois deles para um determinado local, numa rua no distrito de Liquiçá, para vender o que o seu marido pescou. 

" O meu marido vai pescar às quatro horas da manhã e chega a casa três horas depois", disse ela. Ela ganha 250 dólares americanos todos os meses. 

"O dinheiro não é suficiente para comprar tudo o que nós precisamos. Eu nunca compro leite, ovos ou carne para os meus filhos. Nós comemos arroz duas vezes por dia, às vezes uma vez por dia. 

As crianças, especialmente as mais pequenas, sofrem de desnutrição ", explicou. 

De acordo com Hongwei Gao, o representante da UNICEF em Timor-Leste, 58 por cento das crianças com menos de cinco anos foram registadas como sendo desnutridas este ano, o número subiu, no ano passado eram 56 por cento. 

Apenas o Afeganistão e o Iémen registaram números piores no ano passado, com 59 e 58 por cento respetivamente, diz a UNICEF. 

O doutor Daniel Murphy, um médico americano e fundador da Clínica Bairro Pité,na capital Díli, disse que a desnutrição está a aumentar porque mais e mais pessoas estão a cair na armadilha da pobreza. 

 "Muitas pessoas são tão pobres, que só podem comer alimentos como a mandioca e o inhame", afirmou.

Todas as semanas a sua clínica - uma das instalações de saúde mais visitadas de Timor-Leste - trata de muitas crianças. 

 "Estamos a tentar encontrar o programa certo para ajudar as crianças, especialmente as que têm menos de cinco anos e que sofrem de desnutrição. Temos um especialista em nutrição", disse ele.

Melhorias nas infraestrutura do país nos setores do transporte e da agricultura são vitais para ajudar a elevar os padrões de vida, e reduzir a fome em Timor Leste, salientou. 

 "Eu acho que o governo tem um sistema centralizado, e isso deve ser substituído por um descentralizado. O governo deveria melhorar também o desenvolvimento económico da capital, bem como nos outros 12 distritos ", declarou. 

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